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09.09.2023
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César Lacerda – Faz O Teu (2023) (single)
César Lacerda – Faz O Teu (2023) (single)
CÉSAR LACERDA E A QUEDA DO CÉU
Em ‘Década’, César Lacerda celebra no formato íntimo de voz e violão canções que marcaram sua trajetória nos últimos dez anos. O álbum, concebido por Filipe Catto, traz reinterpretações de músicas dos seus cinco discos lançados até então, regravações de canções que Lacerda compôs para outras e outros artistas (como é o caso de ‘Minha Mãe’, originalmente registrada por Gal Costa e Maria Bethânia) e duas inéditas.
Marcos Lacerda
Entre Minas, Rio e São Paulo, e no coração mesmo do modo de ser da canção, que traduz o modo de ser do Brasil, César Lacerda vem construindo a sua obra. Paulatinamente. Como se fosse jogando ali um pouco da brisa marítima carioca, com sua leveza por vezes melancólica; acolá algo da densidade das montanhas de Minas, das ambiências rochosas que levam ao pensamento mais concentrado; mais adiante, a atenção a arte como forma em si e por si, como movimentação de significantes cuja dança evoca ruídos, desencontros, tensões e espelhamentos difusos.
A canção como “Isso também vai passar” nos convida ao desapego, à paciência, uma certa sabedoria do tempo e ao gosto da quentura do afeto. Tudo Tudo Tudo Tudo (2017), pode ser considerado como a sua criação mais próxima da canção de gosto e fundamento pop, por mais arriscado que seja usar tal termo. “Desejos de um leão” foi feita para o álbum Nações, Homens ou leões (2021), que considero o mais espetacular da sua obra até aqui, com todos arranjos criados e registrados por César em seu telefone celular.
Seguem ainda, pelo álbum, parcerias luminosas com artistas de gerações anteriores, como Jorge Mautner (“Minha mãe”, gravada no disco “A Pele do Futuro”, por Gal Costa e Maria Bethânia) e Ceumar (“Espiral”, presente no disco que comemora vinte anos de carreira da cantautora e contou com direção artística de Lacerda). E também, com artistas da sua geração, casos de Luiz Gabriel Lopes e Luiza Brina (“O fazedor de rios”), Nina Fernandes (“Desculpa”), Flávio Tris (“Oriki”), Francisco Vervloet (“Touro Indomável”) e Rômulo Fróes (“Faz parar”). Com este último, César Lacerda fez todo um álbum: O meu nome é qualquer um (2016). Existem ainda canções inéditas e de autoria apenas de César Lacerda, casos de “O amor fincou raízes por aqui” (canção inédita, dedicada ao poeta Leonardo Fróes e a Victória Leão Vendramini, companheira de Lacerda), “Lute contra mim” (gravada originalmente pela cantora Paula Mirhan, à frente da banda paulistana Filarmônica de Passárgada), e a já mencionada “Isso também vai passar”.
Mas têm outras duas, também de autoria apenas de César Lacerda, e que fazem um curioso movimento que parece abranger algo da estilística da sua obra. A última canção do disco, “Porquê da voz”, do seu primeiro álbum, Porquê da Voz (2013), assume a posição do artista, como senhor do seu tempo e do nosso tempo, capaz de fazer aparecer as nervuras do real e contê-las, como se fosse um mediador entre o que há de terrível na realidade tal qual ela é, e o que pode haver de intensificação e gozo imprevisto na forma artística. E mesmo sendo assim, o artista continua a saber percorrer, delicada e em pianíssimo, as tramas sempre intrincadas da consagração cultural, da afirmação de si, do seu lugar como um dos principais nomes da nossa canção popular, algo que se pode ver ecoando na inédita “Faz o teu”, que abre o álbum, e parece dizer os sentidos da voz, da canção e do tempo do artista. Dele, dos outros e também de nós que o acompanhamos, como críticos ou como apreciadores do jogo lúdico dos afetos, da linguagem artística doce e afiada, da forma de pensamento, em suma, do seu modo de fazer canção e impedir, para nós, para ele, para os outros, a queda do céu:
Faz o teu
Pisa devagarinho
Enquanto os homens gritam Suas glórias, troféus
Dance a dança das formigas Que se agitam noite e dia Impedem a queda do céu
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