“Amarilis” é o muito aguardado EP celebração da faceta indie pop dos Sogranora, no poliedro de sonoridades que os concertos ao vivo apresentam e comprovam. “Amarilis” é um trabalho que, sonicamente, sublinha a serenidade e o sentimento de possibilidade de uma tarde com sabor estival; mas, tematicamente, as letras parecem situá-lo entre o desejo de se querer viver despreocupado e a ingrata inevitabilidade da preocupação.
O EP funciona como um luminoso complemento à vertente psicadélica e mais progressiva do anterior EP, “Altivez e Castigo”, lançado em 2020. Desta feita, ficamos a sós com canções que exploram melodias redondas e orelhudas, cuja estrutura mais pop se conjuga com uma involuntária procura de fugir às convenções.
Esse é, de resto, um dos grandes trunfos dos Sogranora: por cima de uma composição agradável e acessível, não deixam de explorar os recantos das músicas, por via de arranjos instrumentais criativos e frequentemente luminosos. Desta vez, há espaço para a presença refrescante de metais de sopro a abrir e a fechar o EP, e até para um arranjo de cordas na emotiva “Cá pra ver”.
Presentes estão ainda os contracantos harmónicos entre as vozes do Ricardo, do Tomás e do Vasco, por vezes em complexos cruzamentos de palavras e linhas melódicas, num encaixe não só satisfatório mas também encantador, como é o caso em “Mas Talvez” e “Alguém”. É difícil ficar-se indiferente à forma com que “Amarilis” nos apresenta as angústias, os impasses, os dilemas da vida, com tanta cor e sentido de possibilidade. O EP tem precisamente um sabor a começo de uma longa estrada, para uma banda que tem vindo a angariar o carinho de um público fiel e atento, e que está disposto a acompanhar os Sogranora por todas as sonoridades – mais ou menos pop – que se seguirem.
QUEM SÃO OS SOGRANORA Em 2019 lançaram o seu primeiro single, “Semilisboeta”, um tema que reflete acerca da rotina monótona e repetitiva de quem vive fora da capital, mas que faz a vida lá. Este single ganhou algum reconhecimento, e continua até hoje a ser o maior sucesso da banda, que lhes permitiu dar 15 concertos nesse mesmo ano, em vários bares, festivais e palcos de nome, como a EXPOFACIC, a Festa do Avante, o Popular Alvalade ou o Auditório do Fórum Municipal do Seixal.
Pouco mais de um ano depois do lançamento do primeiro single, em Abril de 2020, os Sogranora, movidos pela vontade de lançar música, reapareceram com um novo EP, intitulado de “Altivez e Castigo”, feito com muito amor e alma a partir das suas casas, devido ao confinamento. Este foi gravado e produzido com o pouco material que cada membro da banda tinha em casa, recreando numa troca digital de faixas de áudio, aquilo que criaram juntos em ensaio. Descrevem este trabalho como “uma viagem de 16 minutos pelo deserto isolado”, devido às sonoridades melancólicas, exóticas e progressivas que se podem encontrar no mesmo.
Nesse mesmo verão, compuseram e gravaram “Peixes”, um tema com uma roupagem mais acústica, influenciada pelo Folk e o Samba, inspirado pelo campo e pela natureza, acerca da vontade de sair de casa e reconhecer o mundo com olhos mais conscientes. Do EP que é agora lançado, já se pode ouvir “Qualquer Impasse”, o primeiro single e “Alguém”, o último lançamento. Ficha técnica AMARILIS Ricardo Sebastião – voz principal, guitarra, teclados e back vocalist Tomás Andrade – guitarra, teclados, baixos e de back vocalist Vasco Gomes – bateria, percussões e back vocalist Gonçalo Bicudo – Baixo Chico Cézar – Baixo Gonçalo Garcia – Baixo Alex – Contrabaixo Maria Fonseca – Trompetes Manuel Fernandes – Saxofones Maria Inês Torres – Violoncelos Carolina Pinto – Violinos Catarina Batista – Back Vocals Daniela Guerreiro – Back Vocals Sara Bráz – Captação de som José António Pedro (JAP estúdios) – captação de som e mistura Rui Dias (Mister Master) – Masterização Sogranora – Produção e arranjos
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