José Rego – Cidade dos Lobos (2023) (single)

José Rego – Cidade dos Lobos (2023) (single)

Da introspeção negra à descoberta fora de si, e no contraste entre a cidade e a natureza, é assim que José Rego, compositor e guitarrista Alentejano baseado em Lisboa, se estreia a solo com a “Cidade dos Lobos”. Na sua génese um EP que tem como base a sua guitarra acústica, apresenta-se como muito mais que isso. Um diálogo entre o instrumento de nylon que produz som por si e a máquina que manipula a forma do som, na busca da harmonia entre o sintético e o natural, a máquina e a natureza, o limite do instrumento que cria som e infinidade de cores que a máquina consegue criar.

Neste caos disciplinado inspirado entre o Alentejo e a cidade bem como pela
troca de vivências no mundo da música Portuguesa, Rego apresenta 6 faixas que fustigam o ouvinte a perpetrar memórias ou a sonhar acordado, no ritmo do pensamento e usando da nostalgia produzida pelo dedilhar acústico de uma guitarra que ora soa amiga ora desafiante e a entrar por lugares escuros.Na essência está a certeza da humanização e a fronteira entre o que a música faz sentir e o real.

“São composições feitas pelas pessoas com quem me cruzei e cruzo no dia a dia, entre as viagens de autocarro e as luzes dos candeeiros durante as noites longas Lisboetas e Alentejanas. Vai desde o estridente som do elétrico no Largo do Camões ao agressivo, tremendo e natural das quedas de água do Pulo do Lobo. Do cante alentejano às manifestações aos sábados. Da urgência de querer explodir enquanto olho para as pontes romanas que me aparam a inquietação”

Produzido por João Galvão (sonoplasta que também acompanha José Rego em palco) e José Assunção (que dedicou horas extra a gravar as guitarras), este é um projeto que se vê interdesciplinar e explorador do encontro das artes. Com um primeiro passo nesse sentido com a apresentação na Galeria Zé dos Bois no passado dia 4 de Fevereiro, onde se testemunhou de um cruzamento largo com a sonoplastia de João Galvão, Rego procura partilhar palcos com todo e qualquer artista que se identifique como um humano que procura acrescentar algo ao projeto, artistas plasticos, poetas, bailarinos, sonoplastas, técnicos de luz. “É um instrumento de trabalho, de expressão, de vivência. Uma experiência extrasensorial, onde a música se transforma a cada interpretação, nunca sendo igual mas um instrumento de fomento para outras artes”.

Sobre José Rego:
Um astronauta alentejano que deambula no cosmos das sensações. Na procura eterna de quem é e quer ser, muitas vezes perdendo o caminho mas sempre a arranjar novos meios para que qualquer descoberta tenha um propósito contributivo para o si e para todos os que o rodeiam. Formado no Conservatório Regional do Baixo Alentejo, José Rego é um vivente do contraste entre o Alentejo e Lisboa onde no meio nocturno alternativo tem também actuado como técnico de som em múltiplas casas e membro integrante de projetos em que contracena com muitos outros músicos.