29.06.2022
Giuseppe Grassi é um bandolinista de San Vito dei Normanni, cidade da província de Brindisi, em Puglia (Itália). Além de colaborar em vários projetos musicais, entre os quais se destaca o de Mimmo Epifani, outro conhecido bandolinista da mesma região, é coordenador do projeto Circolo Mandolinistico. A partir deste centro cultural, implementam-se várias atividades: o ensino deste instrumento às novas gerações de músicos, valoriza-se a cultura local e géneros expressivos do Salento, como a pizzica e a tarantella. Além disso, implementam-se oficinas de construção e reparação de instrumentos e a prática musical nas antigas barbearias da região.
Em resposta à situação de atual emergência devida à pandemia do COVID-19 e à necessidade de promover iniciativas que possam avaliar e atenuar o impacto no âmbito das artes performativas, investigar os efeitos da crise, com enfoque no sector da música, documentar as estratégias aplicadas pelos artistas nas suas atividades criativas e de performance, o Projeto Ágora convida Giuseppe Grassi, para compreender os efeitos provocados pela crise sanitária, quer no nível individual, quer no âmbito do sector cultural, neste caso na Itália.
Francesco: Boa noite grande Peppe!
Giuseppe Grassi: Boa noite!
Francesco: Estamos aqui num lugar lindo no sul da Itália, em Salento, San Vito de Normanni, estou passando para fazer algumas entrevistas e documentar um pouco a música no sul de Itália também, então peço que te apresentes rapidamente para começar…
Giuseppe Grassi:… sim! Eu sou Peppino Grassi, venho de San Vito dei Normanni, uma pequena cidade na província de Brindisi. Toco bandolim e um pouco de violão, mas principalmente instrumentos de corda relacionados com a família dos instrumentos dedilhados, portanto bandolim, mandola e mandoloncello. Aprendi a tocar guitarra sozinho e num verão aprendi, digamos… os primeiros acordes e depois fui tocar com um grupo de pessoas maiores de idade de San Vito, digamos… um grupo de mestres da tradição que havia ali… sim! Eles se encontraram… bem, sim! Eles tocam a sua música, música tradicional, canções de trabalho, serenatas, pizziche, pizziche pizziche. Um ano depois, eu… como queria aprender a tocar bandolim e não sabia como era… nem como era feito, eu tinha visto um professor, bem… mas eu nunca tinha segurado nem sequer no instrumento, não… fiquei intrigado, apaixonado por este instrumento, então contei aos meus pais acerca do meu desejo… e eles me levaram para outro professor de San Vito, que morava em frente da casa da minha mãe e ele disse: não! Olha, vamos esperar um pouco por enquanto, porque em Dezembro eu vou vir com um Clube de Bandolins! Isso em 2003, precisamente Federico… que foi um dos últimos mestres da tradição de San Vito, ligado ao bandolim e que teve esta genial ideia de reabrir o Circolo Mandolinistico [a partir de então Clube Bandolinístico], fundado em 1934. Porquê em 1934? Porque, digamos… em toda a Itália naquela época, o fascismo estava tentando… digamos… sim! Privilegiava esses trabalhos de… solidariedade, sociedade de ajuda mútua, pós-laboral, bandas musicais… na verdade cada cidade tinha uma ou mais bandas em que se tocava e também clubes de bandolim! Porque isso então, na verdade… deu a conhecer tanto ópera, operetas e música, a pessoas que não tinham… era um meio, digamos… de aculturar pessoas que simplesmente não tinham a oportunidade de ouvir operetas, ir ao teatro e emancipar-se culturalmente! E este clube foi fechado em com a chegada da Segunda Guerra Mundial e depois foi reaberto por Federico di Viesto em 2003!
Francesco: Depois de quantos anos de pausa?
Giuseppe Grassi: Depois… sim! De sessenta anos…
Francesco: …de pausa?
Giuseppe Grassi: Sim! Isto porque? Isso aconteceu porque em 2002, fechou a última barbearia! Porque em San Vito havia toda uma tradição ligada aos instrumentos de palheta e também às barbearias, especialmente aos artesãos. Porque quer os barbeiros, quer os artesãos, tipo os carpinteiros de arte fina ou de arte grossa, tinham mais tempo à disposição em relação a quem ia trabalhar nos campos, por isso podiam se dedicar à aprendizagem da técnica necessária para tocar estes instrumentos!
Francesco: De cordas?
Giuseppe Grassi: Cordas ou sopros! Estes instrumentos de cordas…
Francesco: …especialmente nas barbearias, então…
Giuseppe Grassi: …os barbeiros sim! Eles eram um colante, eram umas figuras particulares mesmo dentro da sociedade, representavam uma espécie de ponto de encontro, um clube enfim… para quem passava para conversar, ouvir música, ouquem ia para aprender a tocar! Muitas gerações aprenderam a tocar no barbeiro e houve pessoas que depois também se tornaram grandes bandolinistas, instrumentistas ou, digamos… ou até por prazer… enfim, eram eles que ensinavam…
Francesco: …eles transmitiam?
Giuseppe Grassi: Eles transmitiam a música, depois também houve uma tendência, digamos… da música culta, portanto de piano, que era outra… digamos duas escolas… ou era música popular que… ou você foi para a música clássica culta, portanto piano, apenas mais um sistema de…
Francesco: …de ensino?
Giuseppe Grassi: Ensino também…
Francesco: …também de repertório…
Giuseppe Grassi: …do repertório, sim! Agora, digamos… pelo que me contam, porque infelizmente não tive oportunidade de… sim, conheci as personagens mais recentes, mas não aprendi diretamente na barbearia, pelo que me contaram… as primeiras perguntas eram… ok! Você quer aprender de ouvido ou pela música? Com base no caminho que escolhias, então se preferias aprender música, então havia toda a fase de preparação, depois solfejo, notas e assim por diante… e então começavas a tocar… ou se dissesses a ele: não! Só estou interessado em tocar diretamente…
Francesco: …ias direto ao instrumento?
Giuseppe Grassi: Sim!
Francesco: Mas isso… esses dois ensinamentos foram no contexto da barbearia, não? Eram ambientes diferentes?
Giuseppe Grassi: Não, não! Ah, estas a dizer clássico? Não, eram dois ambientes muito diferentes, sim! Ou que então, precisamente, os barbeiros também conheciam as peças clássicas, ou as aprendiam com partituras ou discos ou algo assim! Havia também um teatro inicialmente, o Teatro Leonardo Leo, que era um teatro, o Cinemateatro, na década de 1920… onde também havia companhias teatrais e até companhias de… estas orquestras de Clubes Bandolinísticos, que eram orquestras que se apresentavam. Dos vários artigos de jornal que recuperei, aqui tratou-se de uma orquestra de 15/16 elementos, todos bandolins e violões. Havia também mulheres… e pronto!
Francesco: E então, desde 2003, vocês retomaram com o clube…
Giuseppe Grassi: então, sim … em 2003 Federico di Viesto reabriu este Clube Bandolinístico precisamente para dar continuidade …
Francesco: …a essa tradição…
Giuseppe Grassi: …a esse património que caracterizou, pronto! Que também caracteriza San Vito, para que não venha… não se perca… e eu ali aprendi a tocar o instrumento, aprendi… eu ia todos os dias e mesmo como técnica de ensino, não é como eles te falam assim agora: vai ao professor, ok! Faça isso, faça isso… tu ias lá… assistias e tentavas roubar, chegavas a casa e tentavas descobrir e aprender o que tinha roubado… pronto!
Francesco: Então para aprender, ias observar os mais velhos?
Giuseppe Grassi: Observavas, pensavas… ou seja, apenas um sistema “de ouvido” de…
Francesco: …observação visual e…
Giuseppe Grassi: …do ponto de vista visual, sim! E também aprender e desenvolver muito o ouvido, porque… ou seja, uma das características é essa também, não é? Música aprendida “de ouvido”, transmitida oralmente! Por que assim desenvolves… o que agora eles chamam de ear training…
Francesco: …ear training!
Giuseppe Grassi: Ou seja, ali era já uma base! Era englobada como… porque de facto, tinhas que te medir com os outros. E se chegasse um músico que tocava algo, tinhas que ser capaz de acompanhar e te orientar, pronto!
Francesco: Sim, sim!
Giuseppe Grassi: Porque mais ou menosas progressões harmónicas eram sempre aquelas… mas, a guitarra tinha uma função importante, seja para o acompanhamento, porque vinha… a guitarra tinha o papel de acompanhar por dar os baixos […]. Muito como no fado, não é? Se quisermos, ou seja, também a guitarra no fado acompanha e da o baixo…
Francesco: …a progressão harmónica…
Giuseppe Grassi: …a progressão! E sim, depois continuei os meus estudos, conheci Mimmo Epifani no clube e a partir daí… digamos que segui ele nos concertos e assim por adiante. Depois formei-me em estudo técnicos, porque me inscrevi no instituto técnico, porque ok! Digamos… se queria ser músico, bem no entanto teria sido bom conseguir um certificado, que já é alguma coisa, depois teria focado na música!
Francesco: Um certificado que possa conferir um grau!
Giuseppe Grassi: Sim! Entrei no Conservatório de Pádua, porque lá tem bandolim, há muita música clássica escrita por bandolim, apesar de não… de existir um preconceito contra este instrumento popular, muitas vezes associado ao cliché “pizza e mandolino”, existe este mito, não é? Que se trata de um instrumento pobre! Apesar disso o século XVIII foi a época de ouro para este instrumento, porque tocava-se nos salões! Vários compositores escreveram peças para este instrumento, porque se tocava nos salões! Ou seja, outra… fiquei curioso e tive a necessidade de entender uma outra abordagem a esse instrumento, isso!
Francesco: Sim! Através da música culta…
Giuseppe Grassi: …através da música, sim! Porque ali havia muita limpeza, técnica e também como género musical. Em suma, a música é toda linda, por isto… quer dizer, não digo toda: há música boa e música também… não digo má, mas… de base, também aquele universo me interessava. Depois de dois anos a atravessar a Itália, entre Puglia e o Norte, mudei-me para Roma e ali entrei na faculdade de antropologia. E enquanto escrevia a minha tese sobre os repertórios “dançáveis” dos barbeiros, que seria todo este género tocado pelos barbeiros, que eram chamados de “ballabili”, que incluía polcas, mazurcas, quadrilhas, operetas, pronto… várias músicas que serviam de facto para dançar. Voltei para San Vito para fazer… para concluir a minha tese e fui visitar os amigos do Clube Bandolinístico. Cheguei a estar numa reunião em que estavam a decidir fechar o Clube. Diziam: não aguentamos mais, basta! Fechamos! Fechamos! E eu disse, vocês estão loucos? A partir deste momento decidi voltar a San Vito e dedicar-me a este projeto, junto com outros amigos e outros mestres!
Francesco: Ótimo! E hoje como são…?
Giuseppe Grassi: Hoje, digamos desde há cinco anos, conseguimos montar uma orquestrinha de mestres artesãos, de amantes e… também: a beleza está no facto de que não somos todos profissionais e o amor pela música é a paixão onde… de facto tem quem sabe mais… e fala… e quem aprende, digamos! Há um aprendizado difuso e recíproco, isto… gosto de definir como recíproco! Montámos uma orquestra e tivemos vários concertos, fizemos um disco. Retomámos, digamos, este festival… inventámos este festival “Música nos Salões”, em que se toca exatamente nas barbearias! Revitalizámos lugares que foram lojas ou laboratórios fechados, tratámos da decoração e temos recebido músicos de fora mas ligados a este género e a este tipo de ambiente, a este imaginário. E há dois… há três anos fizemos parte de uma iniciativa para jovens, para iniciar práticas, digamos, políticas. A região de Puglia tinha implementado uma série de políticas juvenis sobre empreendedorismo! Então, digamos que propusemos estas atividades e retomar também a oficina social para reparação de instrumentos, onde… de facto, onde de facto não havia uma grande tradição de famílias de trabalhadores neste sector, mas havia todo um grupo de carpinteiros de arte fina, considerados… que trabalhavam também o ébano e que tinham uma dedicação e uma certa capacidade de trabalhar a madeira nos detalhes e que se dedicavam à construção e reparação de instrumentos musicais. A partir daí, nasce a ideia de retomar… já que no Sul de Itália não existem cursos de formação para dar uma oportunidade aos jovens, que acabam por ir longe da sua terra… o que por vezes é bom, ok! Ter uma parêntese de vida lá fora e novas experiências, mas também é justo ter oportunidades na terra em que se nasce, pronto!
Francesco: Certo!
Giuseppe Grassi: Então iniciamos este curso de formação gratuito para jovens que queriam começar este percurso e a sorte, digamos… é que um deles conseguiu entrar na Escola Cívica, uma das mais conhecidas de toda a Itália de construção de instrumentos, que é a Cívica de Milão! Por isso, este ano está já no segundo ano e digamos… a nossa… então, o nosso… diz: porque fazem isso? Porque, digamos… atrás há todo um trabalho, porque de facto… não é simples viver no Sul [de Itália]… enfrentar estas temáticas, mas a nossa motivação é a de tentar dar uma oportunidade aos jovens. Porque eles são o nosso futuro e precisamos destas oportunidades!
Francesco: E nestes anos de trabalho, sentiste que aumentou o interesse dos jovens?
Giuseppe Grassi: Na música popular? Sim, devagar, vai se afirmando também, ou seja… o instrumento é mais reconhecido, é reconhecida a sua história, porque havia várias pessoas que não conheciam esta história, porque de facto, repito: em 2002 a última barbearia fechou as portas. Pelo contrário, antes disso, havia umas vintes barbearias só ao longo da rua principal [do Curso], digamos… não é? Sim! Os jovens estão a aproximar-se, mas todavia falta aquela… sendo um instrumento que sofre ainda de vários preconceitos, estamos a trabalhar para que as novas gerações se aproximem deste instrumento. Digamos, que este é o nosso objetivo, a nossa missão, pronto!
Francesco: Ótimo! Existem no Sul de Itália outras aldeias, ou cidades onde existe esta tradição das barbearias? Eu, entre outras coisas, tinha-te enviado um capítulo de um livro que falava sobre a tradição das barbearias do Rio de Janeiro, por isso é um fenómeno que…
Giuseppe Grassi: …sim! É uma… digamos em todo o Sul do mundo, se quisermos considerar… havia barbearias em que se tocavam instrumentos de corda, ou outros instrumentos… Pelo contrário, no Norte… no Norte de Europa era mais forte a tradição do canto…
Francesco: …ah ok!
Giuseppe Grassi: E também na América [do Norte] existem estes quartetos vocais! Em todo o Sul, pelo contrário existe, digamos, esta predisposição para tocar instrumentos de cordas, como ainda acontece em Portugal, no Brasil… que depois, bem ou mal, o discurso é este… a música, nasce toda do dançável, se quisermos… das polcas, das valsas, que depois… como aconteceu com o choro brasileiro, misturou-se com outros ritmos africanos e assim por diante! E depois nasceu o choro, mas a base do choro são as polcas, a valsa, etc.!
Francesco: E no Sul de Itália, encontraste outra cidades… outras realidades parecidas?
Giuseppe Grassi: Existem, sim! Realidades com um grande número de músicos, bandolinistas e barbeiros, não! Não há… Podemos dizer que somos a única realidade… mas, ainda existe alguém que, digamos… leva para frente esta tradição, não há barbeiros que ainda tocam, mas alguém por aí existe…
Francesco: Interessante! Poderia fazer-se…..
Giuseppe Grassi: …na Sicília, sim! A intenção é essa! De facto, este ano, com este período de lockdown, devemos retomar as atividades do festival, a ideia é exatamente de chamar outros músicos que ainda praticam esta tradição musical, isso! Esta tradição, na Sardenha ou também em Lisboa e criar esta conexão entre nós e eles!
Francesco: Belíssimo! Interessante, a ultima pergunta seria, como viveram em todo este… nesta trajetória do período do lockdown, como foi aqui? Por exemplo, o vosso Clube Bandolinístico parou?
Giuseppe Grassi: Sim! O Clube… eh… o problema do Clube, bem… não podíamos.. não podíamos sair de casa, no primeiro lockdown… então parámos! Retomámos as atividades em junho de 2020, porque a situação estava um pouco bloqueada, então nos encontrávamos no campo e em zonas abertas, onde podíamos ensaiar para fazer um espetáculo, apesar de que não podíamos fazer o nosso festival. No segundo lockdown, não pudemos nos encontrar mesmo fisicamente, porque repito: a nossa sede não é muito grande, por isso não se pode… tendo em conta todas as normativas e assim por diante… não nos podíamos encontrar, isto! O problema é que tivemos duas grandes perdas no período do lockdown, porque o nosso cantor, o Mestre Unzino…. o Mestre Unzino Swing, que vivia para a música, ou seja… era mesmo, ali vimos o quanto a música te mantém vivo e qual o real valor da música, pronto! Ou seja, ele vivia só para aquilo e não pensava em mais nada, depois… tinha seguramente outros problemas… não foi só o lockdown com certeza, mas influiu bastante… ao ponto de… de facto, estando em casa, não havendo aquela verve e vontade de sair, de ir aos ensaios ou ao concerto, ou não havendo aquele estímulo que de facto o….
Francesco: …alimentava?
Giuseppe Grassi: Alimentava, sim! Então…
Francesco: …fortíssima esta história…
Giuseppe Grassi: …sim! Veio a faltar um dos nossos pilares… importante!
Francesco: Por isto existem efeitos reais…
Giuseppe Grassi: …eh, sim! Depois, também em tudo o resto, digamos se notaram os efeitos… sobretudo agora, que estamos a retomar as atividades de formação, em suma, várias…
Francesco: …toda uma série de coisas…
Giuseppe Grassi: …sim! Uma série de coisas que ficaram bloqueadas!
Francesco: E tu, pessoalmente, como viveste o lockdown, enquanto músico?
Giuseppe Grassi: …o lockdown, para mim o primeiro lockdown foi belíssimo, ou seja, mesmo bom! Ou seja, uma experiência paradoxal, ninguém esperava… paradoxal! Eu acho que nos interrogámos sobre o tempo, sobre a velocidade do tempo, ou seja, o tempo? Qual a sua função? Nós todos temos medo do tempo, corres e corres… pelo contrário, precisamos de ser mais calmos, mais… de facto muitas pessoas se dedicaram à cura de si próprios, não é? Da própria casa, da….
Francesco: …da própria vida?
Giuseppe Grassi: Da própria vida! O que para mim foi, ou seja… eu não sou uma pessoa que corre muito, digamos… tenho sempre uma abordagem slow na vida! Mas ali foi, nos primeiros três meses… digamos… para quem… afortunadamente não tivemos problemas, ou seja… seguramente outros os tiveram… não a viveram de maneira… preocupante, isto é, também quem…, ou seja, não foi um período simples, mas pessoalmente, para nós correu bem, pronto!
Francesco: O segundo pelo contrário foi….?
Giuseppe Grassi: O segundo foi um pouco mais pesado, porque entre várias… não podias sair, recolher obrigatório, leis discordantes, pois… podias fazer uma coisa e a outra não a podias fazer… afinal, foi um pouco mais pesado e durou muito mais… porque o primeiro foi em fevereiro, abril… maio, pois…. depois veio o verão e conseguimos ter um pouco de oxigénio! O segundo foi muito mais pesado porque foi desde novembro até o final de Junho passado… Maio… Junho… pois!
Francesco: Então, quase seis ou sete meses?
Giuseppe Grassi: …seis meses, pronto! Esta tensão que não saberes o que podes fazer, não poderess fazer previsões do que vai acontecer, porque há uma paralisia… a música, no primeiro lockdown, a música para mim nem existia, não me apetecia tocar, não…
Francesco: …e pelo contrário, no segundo?
Giuseppe Grassi: No segundo já… sim e não, porque tinhas eventualmente a possibilidade de ir visitar um amigo e portanto… de tocar, apesar que muitos fizeram música sim, mas a partir de um ecrã… mas não era a mesma coisa! A proximidade da música é outra coisa… ou seja, são vibrações que te chegam, uma outra… uma experiência e poder vivê-la na presença de outras pessoas e outra coisa é experienciar a música dentro de um computador, dentro de um ecrã, dentro de um….
Francesco: Óbvio! Esta situação do concerto em live streaming é muito discutida…
Giuseppe Grassi: …sim! É seguramente… algo a mais! E está bem! Ou seja, é um novo instrumento que é útil, mas não pode ser somente aquilo, ou seja, pode dar novas possibilidades. Quando um músico está a fazer um concerto… este pode ser visto a posteriori, pode ser ouvido outra vez… contudo os concertos tem de ser vividos! Pronto! Não… a música tens de a viver! Esta é a minha opinião! Seguramente, repito: isto vai ajudar os novos sistemas de… já existem tecnologias desenvolvidas com 5G, pronto… para diminuir a latência e assim. Então se eu estou em Puglia, posso fazer ensaios no mesmo momento com alguém que está em New York, sim! Isto há-de ter uns prós, mas também uns contras, porque não se pode tocar só online e estar longe uns dos outros, no quarto, se não…
Francesco: …perde-se…
Giuseppe Grassi: …perde-se mesmo o gosto de fazer música, pronto!
Francesco: Da emoção e da espontaneidade do “ao vivo”?
Giuseppe Grassi: Sim! Do olhar, das intenções, pronto… tantas coisas, do público!
Francesco: Da transmissão de energia, etc.
Giuseppe Grassi: Sim!
Francesco: Muito obrigado Peppe!
Giuseppe Grassi: De nada!
Francesco: Se puderes deixa-nos um link para quem ouvir a entrevista poder ver…
Giuseppe Grassi: …sim! O link do…
Francesco: …do nosso Clube…
Giuseppe Grassi: …sim! Do Clube Bandolinistico: circolo mandolinistico san vito dei normanni, basta escrever nos motores de pesquisa e vai aparecer!
Francesco: Ok! Grazie e mille…
Giuseppe Grassi: … di niente!
Francesco: E obrigado pela disponibilidade neste lugar maravilhoso, atrás de ti há um por do sol estupendo em pleno Salento! Belíssimo!
Grazie Peppe! Grazie!
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