Praticamente três anos depois, os Grand Sun mudaram. Em espírito, são os mesmos putos prontos a rockar, mas estão mais adultos e maduros, prontos a conceptualizar novos caminhos – sonoros e não só. E conceptualizar foi exatamente o que foi realizado pelos Grand Sun.
Em “Conceptualize”, os Grand Sun não largam o indie rock que os caracteriza, mas procuram revitalizá-lo, conferir-lhe outros contornos. Cavalgam a sua admiração pelo lado gótico e sonhador de uns Echo & the Bunnymen, olham para Windmill Brixton como local de referência e piscam o olho a uns THUS LOVE ou Shame em busca de uma energia punk mais aventurosa. Pelo meio, chegam a um refrão magnânimo – um que da cabeça já não sai. “Conceptualize” provém do conceito de finitude, deste loop da vida que não nos permite prestar atenção às pessoas à nossa volta e do que nos relaciona à realidade.
Observando os céus cobertos, e com um olhar cismado pensando nas inevitabilidades da vida, fala sobre o existencialismo inerente ao estar vivo e à realização de que quando tudo isto acabar, as memorias tornam-se luz à volta de nós próprios.
“Conceptualize” surgiu em 2020 no retiro dos Grand Sun, na Guarda, antes de ser gravada nos Black Sheep Studios e concluída nos estudios Pontiac, com a ajuda de Miguel Vilhena (Niki Moss) em 2022. A faixa antecipou a ida dos Grand Sun para Nova Iorque, onde arrastaram o seu rock irreverente para o festival de showcases New Colossus – com o apoio da GDA – e é o primeiro avanço de um novo EP, a ser editado no último trimestre de 2023.
Idealizado pela banda e pelo coletivo feminista multidisciplinar Manas, o videoclipe de “Conceptualize” reflete sobre a dicotomia entre panoramas duplos: vida e morte, escuridão e luz, campo e cidade. Pelo meio, o recheio do que acontece quando se fecha os Grand Sun e as Manas no mesmo espaço a criar durante algum tempo – cruzamento de disciplinas. Teatro abstrato. Cinema. Música.
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